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Marcelo Andrade

Sysop 2 SRE

De repente, CKA

4 anos de 'estudo' para uma certificação

Marcelo Andrade

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Calico cat clawing the door

Com alguns anos de atraso…

A história com Kubernetes e seus colegas Cloud Native vem de 2016 quando a área em que estava acabou e a equipe inteira seria “despejada” em uma área qualquer. Um grupo dissidente da empresa estava procurando almas perdidas e desenganadas para participar de um projeto esquisito, que, segundo eles, seria altamente diferenciado.

Nenhuma grande empresa de tecnologia jamais dedicaria esforço montando uma infraestrutura alternativa com um software de nome estranho que pouca gente do corpo gerencial sequer ouviu falar, ainda mais mantido por uma “skeleton crew” de poucos nomes desconihecidos. Que fornecedor vai dar o suporte?

Kubernetes estava na versão 1.4. Não existiam Ingress Controllers, a maioria dos tutoriais faziam menção a Replication Controllers e até mesmo o controle de acesso básico (RBAC) ainda era alpha.

Com 16 anos de experiência com Linux, 13 desses em ambiente corporativos com muitas pessoas que não exatamente simpatizam com o SO ou com a filosofia de software livre, esse tipo de missão não me é nem um pouco desconfortável. É minha especialidade, na verdade. Mas uma especialidade do ponto de vista filosófico, e não da tecnologia.

Isso porque eu estava preguiçosamente acomodado, completamente estagnado. Não acompanhava tendências gerais do mercado ou grandes atualizações. Não havia porque estudar Clouds públicas se minha empresa jamais poderia usá-las. Não havia porque tirar certificações - não estava procurando emprego, nem havia ganho interno em fazê-lo.

Foi-me jogado no colo o desafio de implantar um conjunto de tecnologias altamente desafiadoras cujos nomes eu sequer havia ouvido falar no passado em quatro meses. Nem mesmo meu sistema operacional ficou intocado, sendo requisito o uso de uma distribuição estranha sem dpkg ou rpm completamente orientada a contêineres.

Eu poderia ter escolhido a estabilidade e seguido meu caminho por uma vida seguramente menos conturbada. Fui chamado para dar o meu melhor em outra posição na qual meu conhecimento já consolidado seria útil. Eu não precisaria perder várias madrugadas estudando um apinhado de coisas novas.

Foi-me dada esta opção, e eu recusei.

Faz precisamente 4 anos que o ambiente implantado entrou em produção. Hoje, este cluster executa de maneira impecável centenas de sistemas em diversas etapas, com maior ou menor grau de importância, severidade e volume de acesso.

Mas mais que o cluster, faz quatro anos que eu entrei “em produção”.

Eu sempre entreguei resultados acima da média. Mas a diferença entrre a qualidade do atual tipo de trabalho não tem qualquer tipo de comparação com o passado.

Por fim, tornei-me um profissional imensamente superior. Sou referência no que faço, um dos poucos com visão sistêmica de todas as tecnologias envolvidas e que, agora sim, entende exatamente suas relações e o lugar certo de olhar quando há problemas.

Mais que isso, agora não estou mais “para trás”: acompanho as tendências, evoluo meu trabalho de acordo e me preparo para as possíveis mudanças que estão por vir.

De um funcionário público encostado com futuro profissional discutível, “ascendi” a uma posição de desejável pelo próprio mercado de trabalho brasileiro e internacional.

Nada mal para alguém cujo trabalho valia tão pouco aos olhos da empresa que teve seu setor extinto.

Ainda não tive a oportunidade de compensar os mais de 10 anos de atraso no auto desenvolvimento, mas chegamos lá.

Obrigado por tudo, Kubernetes!

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SRE e Cloud Native solutions engineer.
Respirando software livre desde 1997